Depois da ida do governador Mauro Carlesse (DEM) e de seu vice, Wanderlei Barbosa (PHS), a Salvador nessa quinta-feira, 23, para acompanhar a inauguração do novo Centro de Convenções da cidade pelo prefeito e presidente nacional do Democratas (DEM), ACM Neto, as especulações nos bastidores do Poder no Tocantins entraram em erupção. Como em política não há coincidência e o acaso é algo quase que impensável, a maioria dos comentários é de que não resta dúvida de que Wanderlei foi convidado a se filiar ao DEM.
[bs-quote quote=”O que está em jogo é a eleição de uma capital, o que é muito tanto para o vice-governador quanto para DEM, Progressistas e Republicanos” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”/wp-content/s/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
Apesar de já ter confirmado sua filiação ao Progressistas, nada pode ser descartado, até porque isso não foi consumado. Só para lembrar, Wanderlei chegou a praticamente bater o martelo com o Republicanos (ex-PRB), reavaliou o cenário, refluiu e acertou com o partido do ex-deputado federal Lázaro Botelho. Contudo, não se trata de mera formalidade. O que está em jogo é a eleição de uma capital, o que é muito tanto para o vice-governador quanto para DEM, Progressistas e Republicanos.
O que está à mesa é um partido em franca ascendência nacional, que tem importantes ministros — Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) — e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP). Fora isso, existe um comandante da legenda que quer potencializar ainda mais essa curva de crescimento. Para quem tem a possibilidade de gerir uma cidade de mais de 300 mil habitantes, com mais dois anos de governo Jair Bolsonaro à frente, não pode ignorar que todo esse aparato político-partidário pode ser fundamental para o sucesso da gestão.
ACM Neto pretende ter candidato a prefeito em pelo menos dez capitais brasileiras e nas 20 maiores cidades de cada Estado. Dessa forma, a pré-candidatura de Wanderlei Barbosa em Palmas se encaixa perfeitamente nos planos do líder baiano.
São todos esses os indícios do tabuleiro que mostram que é muito possível que ACM Neto tenha mesmo convidado Wanderlei para o DEM. Afinal, o que o vice-governador foi fazer em Salvador nessa quinta, se o governador liderava a comitiva? Em plena pré-campanha, Wanderlei não tinha nenhum movimento programado para Palmas ou agenda no Palácio, com a ausência de Carlesse do Estado? Há fumaça. E demais.
Claro que o ponto crítico dessa possibilidade é a crise interna do Democratas, silenciosa mas que queima como fogo de monturo. De um lado essa indaga está Carlesse e o deputado federal Carlos Gaguim, vice-presidente regional do DEM, e de outro a presidente da sigla no Tocantins, deputada federal Dorinha Seabra Rezende, que já garantiu a quem quis ouvir que a legenda não apoiará Wanderlei. Ela é muito próxima da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), e já a convidou mais de uma vez para o Democratas.
Quem conhece ACM Neto afirma que se ele empenha a palavra cumpre o que diz. Se convidou mesmo Wanderlei para o DEM, podem estar certo de que o vice-governador será candidato pelo partido, que, no Tocantins, é uma comissão provisória, mais frágil que maria-mole, em que alguém dorme presidente e amanhece destituído.
A questão, então, é outra: ACM Neto convidou mesmo Wanderlei para o DEM? E, se convidou, o vice-governador vai aceitar?
CT, Palmas, 24 de janeiro de 2020.
