Caros interessados em sobreviver aos abusos contra o meio ambiente,
Deste domingo a quinta-feira deveríamos comemorar a Semana do Meio Ambiente, mas não será possível, porque ela coincide com um período em que os agressores da natureza avançam com suas iniciativas devastadoras. Começamos a semana que ou com a liberação pelo Ibama do derrocamento do Pedral do Lourenço, que nada mais é do que explodir com toneladas de dinamite uma estrutura rochosa de 35 km encravada no Rio Tocantins.
Ambientalistas avisam que representará o extermínio da fauna, da flora, de espécies inteiras, como tartarugas que só existem naquela região. Não estamos falando tão somente de matar plantas, peixes e bichinhos, mas em alterar bruscamente o equilíbrio ambiental, que já anda pra lá de desequilibrado, sem qualquer discussão com a sociedade, sem ouvir devidamente os especialistas. Único objetivo é econômico, e, sim, trará muitos benefícios nesse campo. Mas a pergunta que não está respondida é: a que preço?
Depois tivemos a agressão incivilizada, violenta e misógina contra a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, numa comissão do Senado da República, que um dia já foi uma Casa Legislativa que respeitava as pessoas. Hoje virou isso, o que me faz sempre dizer que esta é a legislatura mais baixa da nossa história, desde a instalação do Congresso pelo imperador Dom Pedro I, em 1824. Agora, ainda que o ultrajante tratamento recebido por Marina não tenha sido nada pequeno, pior ainda é o pano de fundo que o motivou, como revela a jornalista Ana Clara Costa, no Foro de Teresina, o podcast de política da revista Piauí.
Trata-se do “PL da Devastação” (PL 2159/2021), aprovado dia 21 pelo Senado, neste ano em que o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). Os especialistas dizem que essa outra perversidade do Congresso brasileiro implodirá o licenciamento ambiental. Pior: com o apoio do governo Lula. Conforme o site ambientalista Sumauma, entre os retrocessos possíveis estão a ampliação do autolicenciamento de obras sem nenhuma análise prévia, a dispensa de licença ambiental para atividades do agronegócio, para ampliação de hidrelétricas e estradas já existentes e para atividades que os governos considerarem essenciais, como pode ocorrer com a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas. “Além do afrouxamento de condicionantes ambientais e a menor participação de órgãos fiscalizadores e que representam comunidades tradicionais, como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)”, alerta ainda o site.
Vejam, senhores e senhoras interessados em sobreviver aos abusos contra o meio ambiente, não é à toa que os três covardes agressores da ministra Marina são da região amazônica, e estão a serviço dos lobbies de destruidores da natureza.
Como se não bastasse a Lei nº 14.785/2023, intitulada “pacote do veneno”, aprovada pelo Congresso e que traz grandes prejuízos para a saúde humana e o meio ambiente, já que enfraqueceu as regras sobre agrotóxicos no Brasil, país líder no uso desses produtos insalubres, agora temos o PL da Devastação. O presidente da Câmara, Hugo Motta, não deve pôr em votação nesta semana porque seria uma vergonha aprovar tamanho retrocesso quando lembramos do meio ambiente. Mas caminha para fazer mais essa boiada ar logo depois. Afinal, é para esse tipo de maldade que manipulam e capturam os votos dos pobres e, assim, se tornam representantes dos destruidores da natureza.
Ou seja, senhora e senhores candidatos a sobreviventes, esta semana será de luto para quem defende o meio ambiente, não de comemoração.
Saudações democráticas, enquanto ainda posso respirar.
CT